Se tem uma série que pode representar muito bem o gênero beat’n up na geração 16 bits, esta série com certeza é Streets of Rage. Este tipo de game acabou se tornando raro após a era 32 bits, devido à transição da jogabilidade 2D para 3D, mas vem aos poucos voltando à moda com jogos lançados nas redes onlines dos consoles atuais, como a Xbox Live
e a PSN.
Trata-se de outro jogo marcante de minha infância do qual falarei a seguir.
História
Em uma cidade suburbana tipicamente americana, caos impera. O que outrora era um lugar pacífico e cheio de vida acabou tornando-se um antro controlado por uma organização secreta criminosa. Com governo e polícia corrompidos, poucos sobraram para defender a população das mãos desses marginais. Cientes disso, um grupo de agentes policiais junta-se para formar uma força-tarefa, objetivando limpar as ruas. Mas acabam tendo que se virar sozinhos, abandonando o departamento de polícia no qual trabalham, cujos oficiais de mais alto escalão demonstraram ter seu preço pago. Agora, cabe a Axel, Blaze e Adam unir-se contra o sindicato, empregando sua coragem e seus talentos com artes marciais na luta contra a fúria das ruas.
O Jogo
Streets of Rage é um jogo de luta, pertencente a um subgênero hoje conhecido como beat’n up. Tratam-se de jogos em que, para avançar, o jogador deve derrotar diversos inimigos que aparecem pela frente, empregando luta corporal e algumas armas, geralmente recolhidas durante as fases. Outros representantes famosos deste estilo incluem Final Fight, Double Dragon, Capitain Commando e Cadillacs and Dinosaurs, todos jogos marcantes nos fliperamas por aqui, mas especificamente nas décadas de 80/90.
O jogo começa com uma abertura bacana, com música de fundo composta por Yuzo Koshiro, grande artista e compositor de várias trilhas sonoras de games, como The Revenge of Shinobi, Sonic The Hedgehog e ActRaiser. Após a tela título, o jogador (ou jogadores) devem escolher seu personagem dentre três disponíveis. São eles:
Axel Stone: lutador de artes marciais. Equilibrado em força e velocidade, mas com a pior voadora, que na verdade é uma joelhada de curto alcance;
Blaze Fielding: lutadora de judô. Sua característica é ser ágil, com pouca força física mas boas manobras de arremesso.
Adam Hunter: boxeador. O mais forte dos três, mas também o mais lento. Mesmo assim costuma ser considerado o melhor lutador.
As oito fases que compõem Streets of Rage se passam em cenários como becos, ruas escuras, pontes, uma fábrica abandonada e até mesmo uma cobertura de luxo (irrealmente grande, diga-se de passagem). Elas progridem no famoso sidescrolling 2D com os inimigos aparecendo no cenário e confrontando os jogadores. São marginais, prostitutas, lutadores marciais e diversas outras figuras. Eles sempre aparecem de fora da tela e fazem aquele vai e vém irritante dos jogos deste tipo, retirando-se estrategicamente da tela e indo para aquele limbo onde o jogador não pode segui-lo. Falem a verdade, isso não era chato?
Cada fase possui um chefe, com exceção da penúltima, que é uma tradicional fase de elevador. Tais chefes são maiores em tamanho que os demais (eles devem tomar anabolizantes, sei lá) e mais difíceis de derrotar. Também são os únicos em que se é visível o medidor de vida. Temos um grandalhão que arremessa um bumerangue, outro com garras, outro que lembra o Rambo, um balofo que cospe fogo e uma dupla de clones da Blaze. Na última fase, tem-se um repeteco e todos esses chefes aparecem novamente. No fim, Mr. X, o chefão final do sindicato, que luta com uma metralhadora de gângster.
A jogabilidade consiste em bater nos adversários com socos, voadoras e arremessos. Todos os personagens têm um movimento de arremesso que joga os inimigos para trás do personagem do jogador, útil para despachá-los na fase do elevador. Também podem dar o que na minha época lá na rua era chamado de “pilão”: um arremesso por trás dos inimigos em que suas cabeças são lançadas contra o chão. O porquê desse nome de café em pó, não me perguntem! Por fim, outra característica de jogos da época era o que eu chamo de botão de pânico. No caso da configuração padrão do gamepad, é o botão A, que, quando acionado, chama um amigo policial dos personagens e este manda uma bazucada ou uma metralhada que elimina todos os inimigos da tela. Curiosamente, não é possível chamá-lo na última fase, talvez para não danificar a tapeçaria do cenário, já que ele vem de carro. xD
Um coisa interessante era a escolha à qual os jogadores eram submetidos no fim do game. Antes de lutar, Mr. X tentava corrompê-los também, propondo que se juntassem ao sindicato. No caso de um único jogador, se este escolhesse “Sim”, era vítima de uma armadilha: caía em um alçapão e retornava à antepenúltima fase (a fábrica) tendo que rejogar as três últimas fases novamente. Um presentão para quem é facilmente corruptível. Se a escolha for “Não”, Mr. X enviava seus capangas e enfrentava pessoalmente o jogador. Sua derrota nesse caso levava ao final do jogo. Agora a parte interessante: com dois jogadores, cada um tinha direito a dar sua resposta. Se ambos dessem respostas diferentes, o impasse era resolvido no braço! Os jogadores lutavam entre si, com Mr. X rindo de felicidade ao fundo. Sagaz, não? Ao menos para a época era!
Versões e Sequências
No Japão, Streets of Rage é conhecido como Bare Knuckle. A principal versão do jogo é a do Mega Drive. No entanto, versões foram lançadas para os sistemas de 8 bits da época: Master System e Game Gear. A versão de Master System não possuía multiplayer, enquanto a de Game Gear tinha pouca qualidade gráfica e não contava com Adam, sendo apenas Axel e Blaze selecionáveis.
Em fevereiro de 2007, o jogo foi lançado para Wii, pelo serviço Virtual Console.
Em meados de 2009, um versão foi lançada para iPhone e iPod Touch. Mas nestes dois o jogo é lento e a jogabilidade pouco confortável.
Conclusão
Streets of Rage é diversão garantida. Um dos seus maiores baratos é jogar com um amigo e juntos espancar criminosos ao som dos belíssimos arranjos de Yuzo Koshiro. Sua jogabilidade já está ultrapassada e sofreu muitas melhorias em sua continuação, Streets of Rage 2. Mas ainda assim é legal o registro histórico de como os beat’n ups eram nas décadas passadas, sendo Streets of Rage um digno representante do gênero.